quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pensamentos

Escolho um lugar para ficar só, para pensar. E, quando começo a pensar, começo a escrever, pois é escrevendo que consigo pensar alto. Algumas pessoas falam sozinhas, eu falo e escrevo sozinho. À minha frente há uma árvore frondosa e bela, e fico a admirá-la por uns instantes. É aí que me dou conta de que paira sobre ela um pássaro. Ele tem belas e grandes asas, e as usa para planar em movimentos circulares, aproveitando o vento lá de cima. Ele vai planando e planando, e não consigo desprender os olhos dele. Há muitos significados para mim naquele vôo, muitas metáforas por trás daquela imagem, mas não me atrevo a pensar em nada - apenas aprecio-o deslizar pelo ar. E assim ele vai...
E meus pensamentos correm soltos por anos e anos a fio. Fazem uma milhonésima retrospectiva das muitas coisas que vivi; dos muitos caminhos que trilhei para chegar onde estou hoje. E me dou conta de que será ano novo em poucos dias - meu trigésimo segundo ano novo.
E o que sou hoje não passa daquilo que quero ser, que escolhi ser. Sim, porque são as escolhas que fazemos que determinam o caminho por onde passamos, e os lugares aonde chegamos.
E onde eu estou agora? Ah, estou exatamente dentro de mim mesmo. E acho que isso é bom. É o que basta por enquanto. É onde quero estar.
Olho novamente e vejo que o pássaro já não está mais ali - se foi. Escolheu outro caminho; outro lugar para ir. Hora de eu também partir, de voltar para casa. Mas me pergunto onde fica a minha casa, onde é o meu lar, e algo dentro de mim responde que minha casa é onde meu coração está. Então, sem titubear, parto em direção a ele...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vivendo

Já faz algum tempo que não escrevo nada para o blog. Tempo mesmo. E temo que até tenha perdido a habilidade de escrever, se é que um dia a possui. É que estou tentando viver fora das linhas, se é que vocês me entendem. Mas percebi, nestes tempos de ausências, que as coisas giram. O Sol gira. A lua gira. A Terra gira. Nós? Giramos... E, enquanto giramos, mudamos. Nos mudamos e mudamos, para nunca mais sermos os mesmos, a não ser que os múltiplos giros que damos nos levem aos mesmos lugares de outrora.
E eu estou vivendo, apenas. E acho que isso é muito mais do que achei que fosse capaz de fazer. Gostaria até de explicar melhor como isso funciona, mas nesses giros que dei, de uns tempos prá cá, acabei meio que me perdendo de mim mesmo, e agora apenas estou aproveitando a viagem. Se antes eu não estava muito certo de quem eu era, hoje já não tenho dúvidas de que estou certo de que não faço nem ideia de quem sou; apenas que muito do que escrevi há tempos atrás não me descreve mais; não se aplica mais a mim. O que sei é que tenho vontade ainda de escrever, embora sinta que não tenho mais a capacidade para tal. Mas este texto me reflete nisso - em minhas vontades e incapacidades.
Descobri, entretanto, qeu se perdi algumas habilidades, adquiri outras - posso sentir. Sim, sentir. Não só sentir como viver alguns sentimentos. E nem mais racionalizo tanto como costumava, e isso é bom e não é ao mesmo tempo. Penso que enquanto racionalizava muito, sentia muito, escrevia mais ainda e vivia pouco. E agora, racionalizo pouco ou quase nada, sinto muito e vivo muito. Ah, e escrevo pouco...
Mas talvez isso seja assunto para um outro texto.
Se é que ele um dia virá antes de me consumir...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Desafio dos 7 - R E S P O N D I D O

Ok, ok!!!! Aceito o desafio imposto proposto pela Yeruska Totalmente Incomum de responder sete coisas sobre várias coisas. Em breve aqui estarão postadas as respostas. A quem quiser saber como é o desafio, deixo as perguntas aí embaixo, ainda sem respostas. 
E quem disse que eu as tenho?

[Agora sim! Aí estão as respostas. Estava com preguiça de pensar em alguém pra responder isso, então, quem quiser pode deixar o nome e o link nos comentários e se apropriar do questionário, ok? É de vocês...]


7 coisas que pretendo fazer antes de morrer:
Conhecer a Europa;
Conhecer o nordeste;
Aprender duas línguas estrangeiras;
Viajar de avião;
Ter um filho;
Escrever um livro;
Plantar uma árvore.

7 coisas que mais digo:
Não fui eu;
Não vi quem foi;
Quando eu cheguei já tava assim;
Não sei onde está;
Capaz? (no sentido de “não brinca?”);
Bah!
Não sou contra nem a favor, muito pelo contrário!

7 coisas que faço bem:
Dormir;
Comer;
Fuçar no PC;
Jogar videogame;
Dirigir;
Conversar;
Cozinhar;

7 defeitos meus:
Não terminar muitas das coisas que faço;
Me importar demais com os outros;
Gastar muita grana com bobagens;
Roer os dedos;
Ser exageradamente autocrítico;
Não me lembrar das coisas;
O sétimo esqueci...



7 coisas que amo:
Amar;
Viajar;
Cantar;
Violão;
Escrever;
Cinema;
Amar. (Sim, de novo!).

7 qualidades:
Sou sincero;
Otimista;
Persistente;
E até um pouco sentimental;
Luto pelo que quero;
Desde que isso não mate ninguém;
E sei que sou capaz de amar...

7 pessoas para fazerem o jogo dos sete:
Se
Quiser
Fazer
Este
Jogo
Comente
Abaixo...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Mar da Impermanência...

Sempre fui de entender as coisas. De querer saber como tudo funciona. Não fiz por mal, é parte da minha natureza, daquilo que sou, e acredito que meu maior dom seja entender como as coisas funcionam.
Entender...
Foi assim que aprendi a tocar violão sozinho. Foi assim que aprendi muita coisa da minha vida sozinho. Aprendi a viver. Aprendi, mas não entendi, pois a maior parte do entendimento me faltou - a vida é grande demais para ser entendida, e se tentamos entender tudo, acabamos vivendo pouco.
E chego a um ponto da minha vida em que entender deixou de ser fundamental. E não procuro mais entender as coisas ou mesmo minha própria vida, apenas aceito aquilo que tenho nas mãos e tento transformar tudo no melhor que posso. É nisso que quero ser bom agora. Deixo de lado um pouco a complexidade para me voltar às coisas mais simples, mas que me fazem bem. E procuro apegar-me ao que me faz bem, descartando aquilo que não é bom. E todo dia é um novo dia. É o único dia. Um dia de cada vez, um único dia de cada vez.
E se não sei o que quero ou o que não quero, sei de que gosto e de que não gosto (na maioria das vezes eu sei), e isso me basta agora. E vivo em meu permanente estado de impermanência. Isso porque a permanência oscila em inconstantes inconstâncias, tal qual um mar em ondas aleatórias e assimétricas.
E eu? Eu resolvo parar o que estava fazendo para olhar o mar...
Gosto de ficar olhando para o mar imenso e desconhecido, contrastando com o céu que ora está azul, ora cinza.
É bonito. Olhar o mar sempre me faz bem...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Impermanência



Nossa vida é feita de fases. A minha, ao menos, é. E agora chega uma fase que não sei mais lidar com minha própria vida, não sei viver - nunca aprendi. E percebo que nunca soube nada além daquilo que me ensinaram um dia. Claro que eu já sabia disso, e provavelmente esteja me repetindo novamente, como costumo fazer, mas o que quero realmente dizer é que a vida nos ensina muita coisa, basta que queiramos aprender com ela. Assim, olhar para o passado é ter a capacidade de ver o caminho que trilhamos a fim de tentarmos melhorar nossas rotas. E isso é péssimo, pois o que fizemos não pode dizer o que faremos em seguida; e pautar nossa vida por aquilo que acertamos e erramos no passado é engessar nosso futuro, e pode privar-nos de muitas experiências que nos seriam valiosas. Já sei o que você pode estar pensando ao ler isso: se já pôs a mão no fogo uma vez, porque fazer isso novamente? Parece loucura, não? A não ser que você saiba que o fogo nem sempre queima, tem vezes em que ele apenas nos aquece. E pode ser que você um dia sinta frio, e relute em se aproximar do fogo apenas por medo de se queimar mais uma vez. Então escolha: prefere arriscar se queimar novamente ou ficar congelando no frio?
Todo o dia fazemos escolhas, embora nunca ninguém nos tenha ensinado a fazê-las (e penso que ninguém poderia). E embora possamos escolher não escolher, isso não passaria de apenas mais uma escolha - a de não escolher. E no fim não há regras. Não haverá. E Nem toda a regra existe sem existir tem exceção, pois se toda a regra tivesse uma exceção, a exceção que confirmaria a regra seria uma regra sem exceções - o que invalidaria a regra de que “toda a regra tem uma exceção”. Princípios? Ética? Regras? Ora, meus caros amigos, apreciem tudo isso com moderação.
Ao menos é assim que penso hoje que as coisas deveriam ser. Mas isso é apenas hoje. Nessa minha fase de total impermanência, tudo não passa de mudanças, e amanhã talvez eu não concorde com a metade do que acabei de escrever aqui.
E vejo que já nem concordo mais...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Impossível e o Nunca


Impossível? Nunca me diga isso! Impossível, como diz a canção, é só questão de opinião.
Enquanto isso, o nunca teima em acontecer todos os dias.

E você, de que duvida?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Entre Rosas e Espinhos: Sobre Viver e Sobreviver


Viver é, muitas vezes, não ter a vergonha de ser feliz. E outras vezes é não ter a vergonha de sofrer. E acho que não precisamos esconder nem uma coisa, nem outra. Li em algum lugar uma frase da Martha Medeiros que dizia que era preciso viver a dor também. Era isso ou mais ou menos isso, mas eu concordo com ela. Não acho, porém, que devemos nos prender à dor - devemos deixar que ela se vá, e procurar a felicidade; só que não podemos também viver uma felicidade alienada e sem motivos. Não podemos fingir que as dores não existem e que nosso caminho são rosas - não podemos ignorar a presença dos espinhos. Às vezes viver, outras sobreviver. Viver a dor e deixá-la ir embora, acho que é por aí o caminho, embora eu ache que acho muita coisa e pouco saiba, ou quase nada. O que sei é que somos seres impermanentes. Não mudei minha opinião de que tudo muda constantemente. Olhe à sua volta, e preste atenção aos detalhes. Olhe sua vida há um ano atrás e compare com o agora, e me diga: você não mudou?
O mundo está mudando, as pessoas idem. Nós inclusive! Mas isso não precisa ser ruim a menos que você queira que seja assim. A chave da felicidade ou da tristeza não está nas mãos de ninguém além de você mesmo. Então, se você quiser mesmo ser feliz, sugiro que levante do sofá agora mesmo e faça alguma coisa. Afinal de contas, o mundo gira muito rápido.
Até quando você pretende ficar aí, parado?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Onde Os Fracos Não Tem Vez...


Todo mundo tem o seu lugar no mundo. Na verdade, a gente ocupa uma espécie de ‘espaço invisível’, que é só nosso. É como se fosse a nossa casa, só que não é algo físico, é algo além disso. Nem sei explicar como é, não sei se me faço entender aqui, e precisaria pensar mais sobre isso para elaborar melhor, mas ao invés disso resolvo escrever, mesmo sem saber. O que sei é que este espaço é confortável e repleto de espelhos (olha só os espelhos de novo...). E chegamos a nem nos enxergar fora deste lugar - ele é o nosso contexto; nosso norte. É como nos posicionamos de acordo com as coisas e com os outros que nos cercam.
Agora, imagine-se sem nada disso. O que sobraria?
Você. Sobraria somente você. Você conseguiria viver consigo mesmo, fora desse contexto e destes espelhos que te cercam? Ousaria experimentar essa viagem? Descobrir que você nem é você mesmo, ou o que pensava que fosse, pode ser uma experiência única e muito poderosa. E pode ser que você seja maior do que jamais imaginou, e mais forte e grande do que todos pensavam - e eles eram apenas limitadores de tamanho e velocidade.
Ah, não estou te convidando a fazer isso, apenas estou tentando te fazer imaginar um mundo em que você não é você mesmo. Um mundo onde você é uma outra pessoa que jamais pensou que pudesse ser. Mas nascer de novo não é para todos, definitivamente, pois um novo parto nunca é uma experiência agradável e sem dor. Só que às vezes é necessária.
Se isso acontecer um dia, apenas lembre-se de ser feliz, de conquistar uma nova vida, tentando não se encaixar em nada nem em ninguém. Apenas faça de sua vida uma jornada em busca da felicidade daqueles que estão contigo, pois é assim que e tua felicidade virá. Espalhe flores pelo caminho, não porque deseja que os outros te sigam, mas porque o caminho por onde você anda deve ser belo. Você deve ser belo, pois foi o que nasceu para ser. Não dê mais atenção ao espinho que às rosas. Não devolva na mesma moeda. Faça alguém feliz, quem quer que seja, a cada dia, seja com um sorriso ou com uma palavra.
Sim, há vida após a morte. Mas só os que passaram por esta podem saber o quanto aquela pode ser bela.
Quer saber como é? Então olhe nos meus olhos, pegue na minha mão, e eu vou te mostrar tudo aquilo que você nunca quis ver. Você só tem que confiar em mim...

domingo, 19 de setembro de 2010

Entre Letras e Palavras, e Outras Coisas Mais...

Não quero mais as palavras, mas elas insistem em me perseguir! Ficam me seduzindo, e acabo escrevendo e escrevendo... aff! Nem sei mais o que quero, só sei do que gosto e do que não gosto. E às vezes nem isso sei. Um dia depois do outro - repito a mim mesmo. Quase um mantra, se eu soubesse o que um mantra significa.
Os significados me escapam, e tem dias em que nada faz sentido, mas não me importo. Amanhã tudo vai ser diferente e novo. De novo. Eu acho. Ou será que não? Ah, não quero pensar em amanhãs e depois de amanhãs. Como diz a música, ‘amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais...’ Nem entendo o que isso quer dizer, mas sei que é legal. Nenhum de Nós é legal. Nós também podemos ser legais. Podemos ser felizes. Podemos ser loucos. Rir da vida e de nossa própria graça ou desgraça, tanto faz, desde que possamos rir.
Somos seres multipolares. Somos crianças e adultos; pobres e ricos; tristes e felizes; vivos e mortos; engraçados e desgraçados. Não temos passado nem futuro; nu entramos neste mundo e nu sairemos dele. Então é bom já ir se acostumando a andar sem roupas, talvez. Tirar uma peça por vez, uma máscara por vez. Se bem que as máscaras são mais difíceis e pesadas de serem retiradas, então é bom começar por elas. Eu já comecei, por sinal. A primeira máscara que tirei foi a do coitadinho infeliz. Achei que nem conseguiria, mas depois que a retirei, comecei a me sentir mais leve instantaneamente. Estranho, porque eu nem sabia que ela era tão pesada antes de retirá-la, e fico pensando que a gente não sabe das coisas, não sabe de nada até que tudo aconteça. E depois que acontece, aí sim que não sabemos mesmo.
Entendeu? É, nem eu entendi, nem quero. Não tenho a missão de entender as coisas, vim a este mundo com a missão de viver até o fim da vida, quando puxarem o plugue. Só que eu não vou morrer. É isso mesmo, não vou morrer. Sabe por quê? Porque vai ficar muito de mim neste mundo. Um pouco de loucura, acredito.
No fim das contas, as palavras que me perseguem incessantes serão tudo o que de mim ficará por aqui. Não que isso seja muito, mas ao menos não é nada. Nada mais do que simples letrinhas.
Malditas letrinhas...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Liberdade?





A liberdade não existe, mas é claro que eu já sabia disso. Apenas que somos livres para escolhermos a prisão na qual seremos trancafiados - isso é o mais próximo da liberdade que ouso acreditar. E não penso mais que a liberdade seja poder fazer o que se quer e quando se quer, essa não passa de uma definição infantil desta palavra. Uma definição que não condiz com a sua grandeza. Liberdade é poder viver um dia de cada vez. É poder ser feliz, triste ou louco. É poder dançar, cantar, pular e correr. É poder sofrer atirado ao chão ou gargalhar das coisas mais bobas que existem. É poder vencer e ser derrotado; viver e morrer a qualquer hora e sem nenhum motivo.
O lado bom? Tudo isso cabe em cada um de nós.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Solidão

Faz tempo que não dou as caras por aqui. Não, não são as muitas atividades que me impedem - elas nunca tiveram poder sobre mim. Tampouco é a falta de inspiração para escrever. É outra coisa que não me deixa em paz: as palavras.
Tento encontrá-las e elas me fogem. E descubro que elas não existem. As palavras certas não existem, apenas o que há são palavras repetidas, cujas combinações não me agradam.
E agora que me vejo completamente só, de uma solidão que chega a ser palpável, as palavras apenas perderam-se no vasto silêncio do meu nada. Elas estão lá, jogadas a esmo, e eu apenas não sei o que fazer para juntá-las. Na verdade eu não quero juntá-las. Não quero juntar nada agora.
E enquanto isso eu respiro. Enquanto isso eu sou apenas aquilo que consigo ser. Ou o que preciso ser, quando preciso. Mas tudo isso é tão impreciso que eu não sei como precisar exatamente. O nada é tão cheio de novidades silenciosas que não tenho como explicá-lo. Não há metáforas ou mesmo antíteses. Não há o que escrever ou o que descrever. Assim é minha solidão, ora melancólica e solitária; ora alegre e bem humorada. Coisas misturadas numa massa heterogênea. Ora tudo, ora nada; ora tudo e nada ao mesmo tempo.
E eu nem ao menos sei o que é isso. Não faço ideia do que possa ser, ou do que será.
Só o que sei é o que quero fazer. Um dia de cada vez é o que pretendo agora...



Enquanto isso, anoitece em certas regiões, e eu não devo aparecer por aqui senão em raros espasmos de explicações entrecortadas. Como eu...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Morte e Todos os Seus Amigos II


"No, I don't want a battle from beginning to end
I don't wanna cycle of recycle revenge
I don't wanna to follow death and all of his friends"





[CAPA DO ÁLBUM 'VIVA LA VIDA', DA BANDA COLDPLAY]

sábado, 4 de setembro de 2010

Dando as Caras...

E não é que resolvi dar as caras aqui novamente? Sim, resolvi aparecer. Resolvi dizer que estou vivo. De novo. E dizer também que é tudo novo, que é tudo diferente. Complicado e diferente, porque eu nem sei mais viver. Nem sei mais o que dizer, o que pensar. Por isso fazia tempos que nada falava. Por isso aqui estou sem dizer nada.
Mas é verdade que desaprendi de viver - culpa da faxina geral e da mudança de muitos fatos imutáveis. Culpa de alguns esqueletos que resolvi colocar para fora do armário.
E agora tento fazer as pessoas entenderem que não quero ser entendido. Então compreendam isso: não há nada aqui para compreender. Não há julgamentos. Não há passado. Não há futuro. Apenas o que há é uma tela em branco aguardando pela tinta. E ela não sabe o que vai ser, apenas tem ideia do que gostaria de ser, mas sempre vai pensar que ser o que deseja seria pedir demais.
Entendeu? Se você entendeu, então é porque não entendeu nada ou não prestou a devida atenção ao que acabei de escrever. Releia, por favor.
Como disse antes, não há o que ser entendido aqui...

domingo, 29 de agosto de 2010

Significados

As coisas não são aquilo que parecem, e não parecem ser aquilo que são. E percebo que as coisas possuem muitos significados diferentes, variando de acordo com o tempo e o clima. Pode ser um disco, um filme, um livro, ou um gesto. Está tudo ali, e não está ao mesmo tempo. Existindo sem existir, por assim dizer. Não, eu não estou viajando.
Mentira, estou sim. E faz tempo que saí de mim. Faz tempo que a imagem no espelho não me reflete mais. Faz tempo que vivi.
E que perdi das coisas o medo também. Agora, não há mais medo. Nem da vida, nem da morte. Não há mais passado nem futuro, apenas um dia de cada vez. E os dias podem ser nebulosos e fumacentos, mas nem me importo. E o furacão arrebenta as coisas ao meu redor sem ter poder sobre mim. Mas ele tenta, ele sopra, sopra, sopra... e a porta continua ali, a despeito de todas as paredes que já despencaram.
Espero sem ter esperança. Luto com os punhos abaixados, e sem erguer as armas. Vivo sem respirar, ou melhor, sem inspirar. Sem inspiração...
Mas o que isso tudo quer dizer, afinal?
Nada. Isso não significa absolutamente nada...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Falar ou não Falar...

Não gosto de falar. Não consigo falar. Todo o pouco que presumo saber se resume ao que escrevo, e isso é muito pouco mesmo. Agora, quando o assunto é falado... aí sei menos ainda.
Me enrolo nas palavras e tropeço nelas. No fim, prefiro o silêncio.
Mas nem sempre fui assim.
E talvez a blogosfera tenha sido o que me causou isso. Eu costumava ter a habilidade de expressar aquilo que pensava e sentia, mas agora sinto que sei apenas escrever. E isso não é tudo. Isso não é nada. Não, isso é nada, ou talvez menos.
Mas sinto e percebo meus pensamentos como se eles estivessem escritos. Admiro quem consegue falar. Admiro muito. Ainda pretendo ter o meu vlog um dia, mas isso requer muito treino e concentração. E tempo é o que menos tenho para tal agora.
Meus desejos de palavras faladas irão provavelmente para aquela pilha de "coisas que eu vou fazer um dia", que no momento está atirada num canto escuro de um armário mofado e feio, um canto de mim. Ou talvez eu seja assim mesmo - uma conjunção de coisas feias que tentam parecer belas a quem observa desavisadamente. Um homem mau que tenta ser bom.
Mas daí eu começo a pensar que somos todos assim - o que talvez seja mais uma armadilha da minha mente, tentando fazer os outros se parecerem com o que sou. Nos finalmentes, fica tudo no zero-a-zero, porque aquilo que sou, aquilo que penso ser, e aquilo que os outros vêem em mim de nada serve. De nada adianta. De nada é feito. E ao nada voltará um dia...
E esses estranhos e entrecortados pensamentos sim podem dizer algo 'verdadeiro' a respeito do que sou, ou ao menos de como me sinto: estranho e entrecortado. Pedaços múltiplos de muitas vidas, costuradas a esmo nesse ser que ora escreve, porque não pode falar...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Música (n+1)

Música boa. Voz excelente (no vídeo nem tanto...). Simplesmente Amy Lee...
Boa semana a todos...


Ok, a voz dela àquela altura já não era das melhores, mas a música é lindona...
Confira o clipe aqui (não consegui incorporar à postagem).

domingo, 22 de agosto de 2010

Retratos do Passado

Tem algumas coisas que não voltam mais. Nunca voltarão. Houve um tempo em que tirávamos fotos não para colocar no Orkut, mas para guardarmos de recordação. Era pessoal. Não existia câmera digital, então tirávamos as fotos e nunca sabíamos como elas ficavam até podermos revelá-las, o que acontecia somente depois de terminarmos o filme, que tinha ora 12, ora 24 poses (nunca comprávamos os maiores[não que eu me recorde...]).
E olhar velhas fotos nos remetem a tempos que não voltam mais. Pessoas que já não existem. Lugares aos quais nunca poderemos voltar. De certa forma, é triste. É a vida. Um dia também seremos apenas lembranças em uma foto manuseada por outrem, digitalmente ou não.
Seremos apenas velhas fotos.

Na verdade, já sou, em parte, velhas fotos. Fotos de fatos que representam aquilo que fui um dia. Fatos de um eu-que-já-morreu.

E, para 'comemorar' isso, resolvi deixar neste lugar, três dessas imagens. Imagens de mim, pedaços de mim.
Algo que talvez eu tenha sido, em um lugar muito distante daqui...




Foto 1 - Dos tempos em que eu ainda tinha uma mãe...
Foto 2 - Para provar ao mundo que um dia já fui bonito.
Foto 3 - Para tentar parecer que um dia já fui estudioso.

A quem passar por aqui, um abraço.
E tenha uma excelente vida...

sábado, 21 de agosto de 2010

Ausência II


Eu já não estou aqui - me mudei para outro endereço. Estou fora da área de cobertura, e ausente de mim mesmo. E a verdade é que nas entrelinhas estão todas aquelas palavras que se perderam no limbo lamacento de mim, e eu não quero entrar lá para buscá-las. Está frio demais pra isso. Ficarei aqui, enrolado em um cobertor quente, à espera de que um vento norte me traga uma ou outra de volta.
E quem sabe com elas eu também consiga retornar a mim mesmo, antes que a escuridão apareça...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nos meus olhos...


Ele ficou me encarando. Ali, imóvel. Não, não era o espelho, era apenas uma foto.
Uma foto minha.
Me encarando, enquanto me julgava, condenando-me um sem-número de vezes por muitas coisas que fiz ou deixei de fazer. Por frases ditas e silêncios moribundos. Recriminando-me por tudo o que eu era, sou e hei de tornar-me um dia.
Ele apenas ficou ali. Uma imagem congelada no tempo. Alguém que já morreu há séculos atrás. Um vampiro. Um natimorto. Um aborto da natureza. E ele não pára de me olhar...
Mas eu também o olho. E o vejo. E percebo muitas vidas, muitas mortes. Muitas esperanças e muitas derrotas. Está tudo ali, naquele olhar castanho, daqueles mais comuns que alguém pode ter. E percebo como ele é tudo e nada ao mesmo tempo. Talvez ele seja um morto-vivo, à espera de me devorar o cérebro através de meus sentimentos. Esperando para desferir palavras mudas, carregadas de dor e malícia, que só ele tem.
Mas ele é assim. Eu não. Eu me mudei.
E já não estou mais aqui...

Um Olhar Para o Futuro


Roberto percebeu cedo da manhã que Sandro estava diferente. Parecia que havia algo faltando nele. Algo que não se encaixava. Como os dois eram quase como irmãos, além de colegas de trabalho, Roberto foi ver o que havia de errado.
- E aí, o que você tem?
- Nada. - Respondeu Sandro, obviamente desviando da pergunda.
- Escuta, Sandro - Roberto abaixou a voz - somos amigos há muito tempo, e eu quero saber o que há de errado.
Sandro pensou um pouco, antes de dizer:
- Tudo bem, não tenho porque esconder de você... venha até aqui atrás.

Sandro encaminhou-se à uma sala vazia do escritório. Roberto no seu encalço.

- Estou realmente muito excitado por isso, e um pouco triste também. - Disse Sandro. Roberto abrindo um enorme ponto de interrogação em sua cara. Sandro continuou:
- Eu vi o futuro!
Roberto fez um ar de surpresa incrédula, erguendo uma de suas sobrancelhas grossas.
- É verdade, cara! Eu vi!
- Como?
- Ainda não sei direito. Foi como um sonho, mas eu não estava dormindo. Eu estava deitado, pensando, e de repente aconteceu. De repente me vi deitado em minha cama. Como se estivesse fora de meu corpo, sabe?
- Sei. - Roberto não estava convencido. Nem um pouco.
- Então foi tudo muito rápido. A imagem toda se moveu, e eu ainda me via, mas agora eu estava mais velho. Então vi a data em um jornal que havia sobre a mesa, e percebi, entendi, que estava no futuro!
- Cara, acho que você sonhou. Será que não? - Roberto acrescentou o ‘será’ após perceber a cara de reprovação que Sandro produziu.
- Você não está entendendo... eu realmente vi o futuro. Não sei como, mas estive lá. E o motivo porque estou assim é que não gostei muito de como me vi lá. Eu era um velho triste. Solitário. Sem amigos, sem família. Só de me ver ali, tive vontade de chorar...
- Cara, não leva isso a sério. Isso pode ter sido apenas a tua imaginação. Além do mais, todo mundo aqui gosta de você.
- Na verdade, Beto, depois do que vi, sinto que nada mais importa. Queria poder dormir agora e só acordar depois que tudo passasse...
“Eu vi o que acontecia até chegar naquele ponto. Foi tudo muito rápido, quase de relance, mas eu vi. E sei que vai acontecer. Sinto isso chegando, e não quero passar por isso.”
- Sandro, desencana e aproveita tua vida. O futuro não está escrito em pedra, você faz ele todo dia...
- Não, Beto. Eu sei. Eu vi.
E saiu, deixando Roberto para trás.

Tempos depois, Sandro morreu, antes de chegar aos 40. Infarto, foi o que os médicos disseram. Mas a verdade, e só uma pessoa no mundo sabia disso, é que não foi o coração que o matou, mas a falta dele...

domingo, 15 de agosto de 2010

Porque o céu é azul, me faz chorar...

Porque o céu é azul...

Porque essa música toca em um ponto de mim que me faz querer chorar...
Não sei por quê. Não há por quê. O porquê, nestas horas, deixa de ser importante.
E é como se todas as coisas que existem ou não pudessem se transformar em poesia.

Escuto essa música e me vejo solitário, em um dia frio e nublado, onde nada existe. E fico confuso, porque o céu é azul, porque o vento está soprando, porque o mundo está girando...

E o que é o amor?

O amor é você...


[Esta música e esta cena são do filme 'Across The Universe', um dos poucos filmes musicais que me encantaram. O visual do filme todo é lindo, e ele acontece em cima das letras das músicas dos Beatles. Revi esses dias atrás e baixei a trilha sonora - as versões são ótimas. Duvida? Assista o clipe aí de cima...]

[E enquanto isso seguirei minha viagem por entre sentimentos e pensamentos...]

Selo de Qualidade

O blog Rainha do Drama, da Juliana, presenteou este blog com o 'Selo de Qualidade'. Muito obrigado à Juliana e a todos os que acompanham este blog!




As regras para receber o selo são simples:
- Indicar 9 blogs.
- Avisar os Blogs de que foram indicados.
- Escrever 9 coisas sobre mim.


Meus indicados:

É isso aí, pessoas, vocês merecem, e por vários motivos...
Desculpe aos blogs de que gosto e que ficaram de fora, só tinha 9 espaços aqui.

Sobre mim:
  1. Trabalho em um banco, onde sou gerente de relacionamento.
  2. Sou extremamente antipático 'ao vivo'. Na minha opinião...
  3. Sou tímido, mas isso geralmente não me impede de fazer nada, exceto cantar em público.
  4. Queria ter olhos claros.
  5. Sou chato para escrever - tenho certa aversão a erros de português. Meus, não dos outros.
  6. Me orgulho muito de ser gaúcho. Com acento e tudo.
  7. Não como as unhas, mas os dedos. O violão me deixa com calos...
  8. Prefiro cerveja a whisky.
  9. Sou extremamente autocrítico. Há mais de 30 textos salvos no PC que considero muito ruins para publicar.
Bom, isto é um pouco de mim. Há um pouco mais sobre na postagem do selo 'Blog Bipolar', logo abaixo. E sabe que eu estou até gostando de falar sobre mim? (...)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Em branco. Mas não por muito tempo...

Uma folha em branco. Não há nada nela, e ela está bem na minha frente. Fico olhando para ela, e ela parece retribuir olhar. Seria isso possível?
Não sei. Não pretendo descobrir. E penso na minha vida - ela também é uma folha. Não mais em branco, há muita coisa escrita. Algumas estão riscadas de modo que nem consigo mais entender. Taxado. Taxado duplo. Palavras escritas por sobre outras.
A folha dá a impressão de que posso escrever o que quiser, mas isso é apenas um engano. E, mesmo que me atrevesse a tal ponto, ninguém poderia entender se eu não escrevesse corretamente. Existem regras para escrever. Regras de ortografia - e estou preso a elas. Gosto das regras. Adoro a gramática. Claro que erro de vez em quando, mas nunca propositadamente. É curioso errar. Engraçado o que alguns erros produzem.
Eles geram novos significados para alguns pensamentos escritos.
Eles geram alguns pensamentos para novos significados escritos.
Eles geram pensamentos escritos para alguns novos significados.
E o que dizer da pontuação, então? Ah, poderia passar horas entrelinhando sobre ela.
E, enquanto isso, a folha ainda está a minha frente.
Mas não mais em branco...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Blog Bipolar

O Blog da Aymée, Os Inversos Dentro de Mim, concedeu ao Ideias & Antíteses o selo "Este Blog é Bipolar". Não tenho nem palavras para agradecer. Muito obrigado mesmo pela indicação.
Quem puder e desejar ler textos interessantes, passa lá para conferir! Vale a pena!
Agradeço também ao Blog do Rodrigo, É tudo o que eu sei, e ao da Yeruska, Totalmente Comum, que também indicaram o Ideias para este selo. Muito obrigado, gente! Os blogs de vocês são excelentes!!!



As regras são simples: basta indicar outros blogs para receber o prêmio e relacionar 10 coisas sobre mim (e quem disse que o simples é fácil?).

- Blogs indicados para este selo (não estão em ordem):


- 10 coisas sobre mim:
  1. Não acredito em horóscopo;
  2. Prefiro repetir o almoço a comer a sobremesa;
  3. Sou viciado em café;
  4. Sou gremista doente (e anti-colorado, é óbvio);
  5. Toco violão, mas tenho vergonha de me apresentar em público;
  6. Em novembro completo 31 anos;
  7. Me formo em Administração pela UFRGS (EAD) no fim do ano. É a minha primeira faculdade;
  8. Ainda pretendo cursar Direito;
  9. Sou casado e tenho dois poodles que moram dentro de casa;
  10. Quero escrever um livro. Na verdade, já comecei (o título provisório é 'Projeto 64').
Bem, o que partilhei aqui é um pouco de mim. Na verdade, seria preciso mais uns 10 itens para eu ficar satisfeito em me descrever, mas regras são regras!
Agora é a vez de vocês (aqueles que ainda não pegaram o selo). Fiquem à vontade!

Apenas palavras...

Sentimentos não cabem nas palavras. Porém é impossível não admirar o esforço que estas fazem na esperança de traduzi-los! E o que seria dos sentimentos se não houvesse as palavras, afinal? Fico a pensar que talvez nem fossem tão intensos quanto são...
E também me parece que são as palavras, quando ditas (ou mesmo escritas), que tem o poder de fazer tudo acontecer. Tem o poder de emocionar, de iludir, de fazer viver ou de fazer morrer. Está tudo ali. Está tudo aqui. Com palavras, aquilo que está distante pode se tornar próximo, quase palpável; mas pode ocorrer o inverso também.
E pode ser que as palavras não ditas falem mais do que as ditas. Esta é uma antítese interessante: o silêncio das palavras grita!
Falamos as palavras, as ouvimos e as vivemos. E vivemos intensamente cada vírgula colocada no texto, ou esquecida, ou mal colocada intencionalmente. Nos equivocamos diversas vezes por nos perdermos em alguns de seus significados, mas nem é culpa nossa. A culpa, em última instância, será delas. Ambíguas palavras.
Não importa se falamos com mãos, boca, olhos ou coração. Se pararmos para pensar, elas estarão lá, ainda que apenas em nossas mentes, aguardando uma oportunidade para serem libertadas. Esperando por tornar nossas vidas melhores ou piores. Afinal de contas, elas sempre produzirão algum efeito. Sempre tem uma missão, para o bem ou para o mal.
Mas ainda resta uma questão a ser respondida: falarão as imagens mais que as palavras? Ah, embora possamos pensar que sim, prefiro pensar que as imagens apenas falarão palavras a mais. É algo semelhante ao que acontece aos sentimentos - basta um deles para que fiquemos cheio delas e de seus infinitos significados.
Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Quem tiver olhos para ler, leia...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Dia 'D' de Selene

[ADVERTÊNCIA: O conteúdo a seguir é impróprio para menores]
Selene estava cansada de sua vida. Pensava que tinha razões de sobra para isso. Não se sentia amada, não se sentia valorizada, não se sentia livre. Não se sentia viva. Os dias eram sempre iguais, e ela dava graças a Deus quando eles terminavam. Sozinha, não encontrava conforto para suas dores em nada e em ninguém. Também não achava que possuía amigos, apenas conhecidos. E a maioria (ou quase todos) eram do trabalho. E era no trabalho, também, que estava o maior de seus problemas.
Ela havia se mudado há tempos para a cidade grande para trabalhar, vindo de uma situação pobre, mas nunca poderia imaginar que sairia daquilo para uma situação de morte. Era isso, afinal, que sentia: sentia-se morta. Não porque o seu patrão a obrigava a praticar sexo oral nele diariamente, mas sim por não ter forças para lutar contra nada e ninguém. Nada e ninguém. Nada. Ninguém. Era isso.
E no momento em que todos os seus sonhos pareciam-lhe ideias idiotas produzidas por outra pessoa, resolveu colocar um fim em seu próprio sofrimento. Acordou pela manhã, certa de que seria seu último dia. Tomou seu café com gosto - uma última refeição digna para uma moribunda. Pegou a lotação para o trabalho. Chegou ao seu destino quase animada e excitada com aquilo tudo, e era irônico que a expectativa da morte a fizesse sentir-se mais viva. Viva como há muito tempo não se sentia.
- Selene, poderia vir à minha sala por um instante?
Era seu chefe. Seu patrão. Seu algoz.
E seria provavelmente o fim de tudo.
Selene entrou cabisbaixa na sala de seu chefe. Como de costume, todas as persianas estavam fechadas. Logo que entrou ouviu o clique da chave atrás de si. Ajoelhou-se, como sempre. O sujeito gorducho, com a barba por fazer e cheirando a azedo postou-se na sua frente. Com gestos rápidos abriu o zíper das calças e pôs o pênis para fora. Selene olhou para o pequeno e flácido genital do homem, e então para seu rosto. Ele pareceu se assustar com aquilo - ela nunca o havia encarado antes. Ela abriu, então, a boca, e começou a fazer aquilo que sempre fazia.
Ela chupou-lhe o melhor que podia, aguardando o momento certo. Então, quando sentiu-o enrijecer em sua boca, sentiu uma explosão de adrenalina derramando-se por todo o seu corpo, e despejando-se em seus maxilares. Foi então que Selene cerrou seus dentes com toda a força que tinha. Imediatamente sentiu um líquido morno escorrer de sua boca - sangue. E não só o líquido era diferente do que o de costume, como também a sensação. Era tudo novo.
Em meio aos berros, o homem desferiu-lhe um golpe em cheio no queixo. Ela foi jogada no chão pela violência do impacto, e, ao cair, cuspiu fora o pedaço do homem dilacerado e provavelmente algum de seus próprios dentes. Mas não importava: havia acontecido. Aquela mulher moribunda que a olhava no espelho todos os dias - apática e sem vida - havia, finalmente, morrido.
Uma nova mulher estava a caminho.

[Ps: Pensei três vezes antes de publicar este texto. Por fim, prevaleceu a ideia de que este espaço é meu, e faço com ele o que quiser. ;)]