quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Blogs, Jobs e muitos pontinhos...

Eu olho os pontos - sei que há alguma coisa, algum desenho, escondido ali. Pego o lápis com minha mão ansiosa e imprecisa, e começo a conectá-los. Mas parece haver algo errado, então eu pego minha borracha e apago, para começar a ligar tudo novamente. Na segunda vez é mais complicado. Erro de novo, mas fica cada vez mais difícil apagar. Umedecer a ponta da borracha é uma estratégia arriscada, mas que pode dar certo. Pronto, foi difícil mas já é possível recomeçar. Não como antes, é claro, a folha fica cada vez mais danificada. Já no quarto ponto de um total de cerca de cinquenta, erro de novo. Minha vontade é de pegar aquela folha cheia de pontinhos e rasgá-la em mil pedaços.
Então ela chega por trás de mim, olha para meu futuro desenho e pergunta:
- Alguma coisa errada?
Dou uma risada irônica e nervosa e respondo. Minha voz é um grito sufocado, quando esgueira-se por meus dentes cerrados, para dizer:
- Tudo!
Ela me olha com um sorriso no rosto, daqueles que faz tudo o que há de ruim no meu mundo ir embora. Sua voz é como música, quando ela me fala:
- Não seja bobinho, está ficando lindo!
Eu olho para ela, olho nos olhos dela, e vejo que ela está sendo sincera. Está realmente lindo, aos olhos dela.
- E de que exatamente você gostou? - Agora eu também estou sorrindo, e já consigo falar como uma pessoa normal.
 - Gostei de tudo, mas achei esse detalhe aqui maravilhoso. É diferente de tudo que eu já vi.
Ela acaricia o papel exatamente em sua cicatriz, o ponto onde quase o furei de tanto apagar. Ela acha lindo. Não, maravilhoso. Eu via apenas algo horrível e imperfeito...
Ela sai da sala, deixando-me a sós com minha folha de papel. Eu olho para ela, mas nada vejo - meu olhar está perdido no infinito de meus pensamentos. Quando retorno a mim, vejo algo completamente diferente do que havia ali. Vejo algo bonito...



Um blog não deixa de ser um livro. Ao menos eu vejo meu blog quase como um livro. Talvez uma mescla entre livro, diário e ideias. Ah, e eu tenho tido muitas ideias, embora elas não saiam da minha mente para o computador sem que em precise escrevê-las. Isso sim eu acho que seria uma revolução: você pensa nos posts e eles aparecem! Bem, mas como ainda não é assim, minhas ideias vem e se vão. O pior é que até eu, que sou provavelmente o maior crítico de mim mesmo, considero algumas ideias boas, e ainda assim não as escrevo. Passam-se datas, fatos, notícias... enfim, a história acontece ao meu redor e eu nem estou aí. Ou melhor, eu estou aí; não estou é aqui. E o principal motivo pelo qual eu estava sempre aqui é que aqui eu vejo-me como sou, ao menos em parte. Tenho uma ideia melhor de mim. Puxa, nem há como explicar o que quero dizer com isso sem tornar-me muito repetitivo. O que posso dizer é que não vejo muita vantagem em escrever sobre algo que sou hoje, se amanhã serei outra pessoa. A única vantagem que talvez exista por trás de tudo isso é traçar uma linha do tempo que me permita "ligar os pontos", como disse o mestre Steve Jobs. Replicando o que ele disse:

"Você não consegue ligar os pontos olhando em frente; você apenas consegue conectá-los olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos irão, de alguma forma, se conectar no futuro. Você tem de acreditar em algo - nas suas vísceras, no destino, na vida, no karma, que seja. Essa abordagem nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença na minha vida"


Quando vi essa frase a primeira coisa que veio à minha mente foram aqueles jogos antigos de criança do tipo de ligar os pontos. A gente ligava os pontos ordenadamente, e no fim aparecia um desenho. Eu ficava ansioso quando via aqueles pontinhos com números ao lado. Tinha que saber que desenho havia 'escondido' ali. E não tinha como saber o que havia ali sem ligar todos os pontinhos. Fui crescendo, e aquelas brincadeiras perderam a graça depois que me tornei capaz de antever o desenho escondido. Portanto, acho que o ato de escrever aquilo que sou, penso e sinto faz com que eu seja capaz de ver o trajeto que segui até aqui. Só que Jobs foi um visionário, um homem (e eu não tenho o menor constrangimento em usar clichês aqui) muito à frente de seu tempo. Eu sou um homem muito atrás de meu tempo, por isso não tenho a pretensão de ser capaz de ligar os pontinhos - nem de conseguir ver o 'desenho escondido' neles.
Por fim, já fazia algum tempo que não mais aqui escrevia, e já sentia saudades. Adoro escrever. Escrever faz com que eu desocupe minha mente. Mas talvez eu venha a escrever sobre isso outra hora.
Ou não...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Every Teardrop is a Waterfall

Apenas para demonstrar o quanto gostei desta música, e o quanto esta banda é relevante para mim, deixo-vos mais uma música do Coldplay, que dá nome a esta postagem. Assim sendo, após tanto tempo "sem escrever", uso da música para retornar novamente, pleonástico como sempre...