quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pensamentos

Escolho um lugar para ficar só, para pensar. E, quando começo a pensar, começo a escrever, pois é escrevendo que consigo pensar alto. Algumas pessoas falam sozinhas, eu falo e escrevo sozinho. À minha frente há uma árvore frondosa e bela, e fico a admirá-la por uns instantes. É aí que me dou conta de que paira sobre ela um pássaro. Ele tem belas e grandes asas, e as usa para planar em movimentos circulares, aproveitando o vento lá de cima. Ele vai planando e planando, e não consigo desprender os olhos dele. Há muitos significados para mim naquele vôo, muitas metáforas por trás daquela imagem, mas não me atrevo a pensar em nada - apenas aprecio-o deslizar pelo ar. E assim ele vai...
E meus pensamentos correm soltos por anos e anos a fio. Fazem uma milhonésima retrospectiva das muitas coisas que vivi; dos muitos caminhos que trilhei para chegar onde estou hoje. E me dou conta de que será ano novo em poucos dias - meu trigésimo segundo ano novo.
E o que sou hoje não passa daquilo que quero ser, que escolhi ser. Sim, porque são as escolhas que fazemos que determinam o caminho por onde passamos, e os lugares aonde chegamos.
E onde eu estou agora? Ah, estou exatamente dentro de mim mesmo. E acho que isso é bom. É o que basta por enquanto. É onde quero estar.
Olho novamente e vejo que o pássaro já não está mais ali - se foi. Escolheu outro caminho; outro lugar para ir. Hora de eu também partir, de voltar para casa. Mas me pergunto onde fica a minha casa, onde é o meu lar, e algo dentro de mim responde que minha casa é onde meu coração está. Então, sem titubear, parto em direção a ele...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vivendo

Já faz algum tempo que não escrevo nada para o blog. Tempo mesmo. E temo que até tenha perdido a habilidade de escrever, se é que um dia a possui. É que estou tentando viver fora das linhas, se é que vocês me entendem. Mas percebi, nestes tempos de ausências, que as coisas giram. O Sol gira. A lua gira. A Terra gira. Nós? Giramos... E, enquanto giramos, mudamos. Nos mudamos e mudamos, para nunca mais sermos os mesmos, a não ser que os múltiplos giros que damos nos levem aos mesmos lugares de outrora.
E eu estou vivendo, apenas. E acho que isso é muito mais do que achei que fosse capaz de fazer. Gostaria até de explicar melhor como isso funciona, mas nesses giros que dei, de uns tempos prá cá, acabei meio que me perdendo de mim mesmo, e agora apenas estou aproveitando a viagem. Se antes eu não estava muito certo de quem eu era, hoje já não tenho dúvidas de que estou certo de que não faço nem ideia de quem sou; apenas que muito do que escrevi há tempos atrás não me descreve mais; não se aplica mais a mim. O que sei é que tenho vontade ainda de escrever, embora sinta que não tenho mais a capacidade para tal. Mas este texto me reflete nisso - em minhas vontades e incapacidades.
Descobri, entretanto, qeu se perdi algumas habilidades, adquiri outras - posso sentir. Sim, sentir. Não só sentir como viver alguns sentimentos. E nem mais racionalizo tanto como costumava, e isso é bom e não é ao mesmo tempo. Penso que enquanto racionalizava muito, sentia muito, escrevia mais ainda e vivia pouco. E agora, racionalizo pouco ou quase nada, sinto muito e vivo muito. Ah, e escrevo pouco...
Mas talvez isso seja assunto para um outro texto.
Se é que ele um dia virá antes de me consumir...