Você assistiu a Matrix? Não assistiu? Então pare de ler e vá assistir agora. Se já viu, pode continuar lendo...
Li algo noutro blog que me despertou esses sentimentos Matrix. Esse é o grande barato da blogosfera, a gente segue alguns blogs e acaba escrevendo porque os textos de lá nos despertam pensamentos inusitados. Daí aquilo fica martelando lá no fundo do crânio, até que a gente tem que escrever e botar tudo pra fora.
Alguém totalmente comum (será?) escreveu sobre a escolha de não escolher. E este verso conflitante me pegou desprevenido. Eu sei escolher. Eu gosto de escolher. Escolher é decidir por alguma coisa, e eu costumo ser o cara das decisões. Eu estudei o processo decisório nos mínimos detalhes, fiz árvores de decisão na faculdade e tudo mais. E sou teimoso nas minhas decisões e convicções, me apego a elas como se elas pudessem me redimir de meus pecados e minhas loucuras. Sim, eu sou um ser menos evoluído, essa é a verdade. (Hum... verdade? Mas eu não tinha decidido que ela não existe?) Em Matrix há o momento da escolha, e de entender a escolha. Quando tentamos entender a escolha, analisando os prós e os contras, já está decidido. Não há mais a escolha. Ao menos é o que o Oráculo diz para o Neo. Mas a escolha, por si só, existe? Em nossa vida flertamos tanto com o acaso que chego a duvidar que exista. As escolhas baseiam-se em opções, que baseiam-se em alternativas - estes caminhos bifurcados que se estendem volta e meia diante de nós. Como chegamos a eles se não por mero capricho do acaso? Tem gente que perde um ônibus e acaba atropelado porque escolheu não pegar o próximo. Mas perdeu o ônibus porque esbarrou num estudante que derrubou todos os livros. No fim das contas, morreu porque ajudar o estudante a recolher do chão seu material levou tempo demais. Ou então foi demitido, voltou pra casa e pegou sua esposa na cama com outro, e acabou-se a vida por um tempo. Catástrofes e tragédias acontecem por acaso. Se há dez anos atrás alguém me dissesse como eu estaria hoje eu poderia apostar qualquer coisa contra ele. A gente nem imagina onde estaremos daqui há dez anos, apenas temos esperança de estar vivos e melhores que estamos hoje. E assim vamos brincando de cabra-cega, na ilusão de que seguir os sons da vida nos fará chegar em algum lugar, escolhendo escolher ou não segui-los...
A propósito, se você não viu Matrix, a escolha é sua.
Talvez indeterminismo. Aí que eu vejo uma prisão disfarçada. Seguir um destino, um leque de escolhas que são "suas", mas ao mesmo tempo não o são. Como se fosse uma questão de múltipla escolha sem fuga... Seguir um destino que é seu, mas é seu mesmo? risos. Há uma "grande liberdade" em se ter uma escolha: a escolha de escolher. Graaannde livre-arbítrio esse...
ResponderExcluirPs.Dei um sorrisão em ler este texto. Ah! E Matrix é fantástico.
Muito bom o texto!
ResponderExcluirAmo Matrix, já assisti umas mil vezes, e cada vez que assisto me surpreendo mais.
Realmente, nós queremos ter o controle da nossa vida, queremos tomar decisões baseadas nisso, e os imprevistos muito vezes nos soam como deslizes ou como uma "incompetência" nossa. Mas o que são os imprevistos senão frutos de nossas próprias decisões? Aquelas decisões que tomamos justamente para evitá-los?
Boa reflexão!