sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mundo Egoísta

Estou inclinado a aderir a uma corrente ideológica que afirma que o altruísmo não existe.

Na verdade, esta é uma reflexão minha de muito tempo, que, sempre latente, vem e vai em ondas. Minhas opiniões constroem-se assim: em ondas; e na verdade não tenho opinião formada sobre a maioria das coisas. E, mesmo aqueles assuntos sobre os quais tenho opinião formada, esta opinião não é estática (com ressalvas para religião, política e futebol é claro).

Bem, mas seguindo com o assunto...

Hoje construí um pouco mais meus pensamentos a respeito do egoísmo. Para você ter uma idéia, cheguei a dizer para a psicóloga (sim, eu sou louco) que ter filhos é uma ato predominantemente egoísta (dá pra crer?!). Explicando: não consigo imaginar uma razão altruísta para se ter filhos. Em outras palavras: como pode ser um ato de altruísmo trazer alguém a um mundo tão podre, corrompido, cheio de guerras e de doenças, repleto de vícios e vicissitudes, onde o sofrimento é certo e a felicidade é rara. Acho que uma ressalva pode ser feita à adoção. Quem adota pode até estar satisfazendo um desejo egoísta de ter alguém a quem amar como pai ou mãe, mas está sendo altruísta também escolhendo alguém para amar e para dar a oportunidade de um mundo melhor, ou menos pior.

Voltando ao assunto: o egoísmo está arraigado nas pessoas, apesar da maioria delas nem perceber isso. Quando vamos à Igreja, fazemos isso por dois motivos, ou para nos sentirmos melhores, ou para termos chances de irmos para o céu ou coisa que o valha. Quando ajudamos outrem, o fazemos pelo sentimento de sermos bem aceitos por esta pessoa, ou até mesmo para levar alguma vantagem mais tarde (eu tive um amigo que era bem assim). Dá pra não chamar isso de egoísmo? Não dá prá negar, estamos na sociedade do EU. Se alguém me sorri, EU sou bonito, querido, as pessoas gostam de mim, se alguém me olha meio torto, EU sinto-me odiado, invejado, repudiado. A pessoa mais importante do mundo sou EU, e apenas os MEUS problemas são relevantes.

É fácil reconhecer pessoas assim, geralmente quando você partilha alguma experiência pessoal com elas, a primeira atitude delas não é ouvir e compreender, mas é dizer algo do tipo ‘ah, isso já aconteceu comigo’. Talvez muito disso se deva à criação que os pais dão aos filhos hoje em dia, vai saber...

Bem, não quero ser muito prolixo, então por enquanto vou ficando por aqui. Se você conseguiu ler tudo isso, pode ficar à vontade para opinar. Como disse na abertura do blog, o espaço é para isso, idéias e antíteses...

Um comentário:

  1. Bruno, eu também muitas vezes me coloco a pensar sobre a questão do egoísmo humano, cheguei a várias reflexões, mas todas elas não me levaram a nenhum porto seguro. Sim vivemos na sociedade do Eu, infelizmente você está certo, talvez isso aconteça por causa da nossa criação, culturalmente somos individualistas demais. A maioria busca o bem próprio, em primeiro lugar. Instinto? Sobrevivência? Não sei, hoje em dia parace mais coisa de Status, deve ser cultural mesmo. Eu muitas vezes me policio e fico observando e refletindo as minhas ações, eu também faço terapia (não sou louca rsss) e algumas vezes discuti em terapia essa questão tão delicada que é o egoísmo humano. Quando alguém precisa da minha ajuda e eu posso ajudar, o faço muitas vezes sem pensar, quando vejo alguém sofrendo por algum motivo tento ajudar a aliviar a dor dessa pessoa sem pensar, sem pensar no que posso ou não ganhar materialmente com isso, tento ser empática com as questões do outro porque sei que assim como Eu tenho as minhas questões pessoais que são pra mim experiências minhas únicas, sei que no universo do outro existe um mundo particular do qual eu só posso participar por empatia. Como você pode perceber luto por fugir do egoísmo, mas essa é uma luta muito difícil, é muito difícil estender a mão e não pedir nada em troca, quando ajudo o outro talvez naquele momento não pense tanto em mim, mas no momento em que eu preciso de uma mão e não vejo nenhuma me sinto uma tola em ter estendido a mão a quem nem se quer lembra que eu existo, assim acho que meu altruísmo não foi válido não é...
    Acho que o problema do egoísmo está dentro de cada um como um órgão vital, espero que um dia ele se torne tão importante quando o apêndice, e que se possa arranca-lo sem prejuízos maiores....

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