Assisti todos os filmes do Harry Potter. E não é só isso: li todos os livros também. Não é algo de que me orgulho. Tem muita gente que critica fortemente tanto a obra literária quanto a falta de valores que alguns episódios transmitem – especialmente às crianças. Mas não vim aqui para falar (escrever) sobre Harry Potter. Apenas me lembrei dele porque tem um objeto mágico nestes filmes que eu adoraria poder ter: a penseira. Na estória, quando um mago tem muitas coisas na cabeça, ele consegue ‘engarrafar’ algumas memórias e pensamentos de que não precisa (vemos isso acontecer com Dumbledore) e jogá-los numa tigela, que é a tal penseira. O interessante é que esta penseira permite que o mago não fique pensando sobre algo que não deseja elaborar naquele momento. Por isso que eu digo: - Eu queria ter uma penseira!
O problema é que eu sou muito racional. E muitas vezes. É claro, sou um ser racional; mas o que quero dizer é que eu raciocino, e racionalizo, muito. Funciona para mim como um mecanismo de defesa. Quando tenho algum problema, isso funciona como um gatilho para que imediatamente meu cérebro arranje uma maneira de lidar com ele. Se tiver uma solução alcançável, ótimo, se não tiver, vai para uma enorme pilha escrita “pendências”, e deve ficar por lá até ocorrer um fato novo que possa ensejar a solução ou reavaliação do mesmo. Acho que muita gente não veria problema nisso, mas é que eu procuro deixar as emoções de fora das decisões. E é aí que mora o perigo. Ou não...
É comum as pessoas dizerem que seguem o seu coração. Então, das duas uma: ou eu não tenho coração, ou não ligo muito para o que ele grita. Acho que meu cérebro é egoísta, isso sim; quer decidir tudo e não deixa nada para o coração fazer (rs). Tenho que ter um motivo plausível para fazer qualquer coisa. Além disso, esse motivo plausível não pode entrar em conflito com os dogmas já existentes no programa. Como se não bastasse, se houver um conflito, o sistema optará por travar o programa que trouxer mais prejuízos ao todo, efetuando, para tanto, vários cálculos para garantir a tomada do caminho mais curto, rápido, e menos maléfico. E conflitos, ora ou outra, sempre aparecem. Trocando em miúdos, se o sofrimento de todas as partes envolvidas no processo decisório for potencialmente maior se tomada a decisão ‘A’, tomarei a decisão ‘B’, e muito provavelmente independente do meu papel de participação na história. (É nessas horas que eu queria ter a tal penseira, para não me preocupar com esses dilemas e liberar espaço na memória RAM.)
Este meu sistema “confiável” acaba me tornando mais parecido com uma máquina que com um ser humano, em alguns casos. Porém, ao menos não sou falso, pelo contrário: se eu tomar uma decisão que me cause sofrimento, saberei exatamente por que estou fazendo isso, e então esse sofrimento é transformado em algo positivo para mim. (Por acaso já mencionei que sou louco? Se não, fica aqui o registro: Eu sou louco(e chato)!)
Bem, como não poderia deixar de ser, ficam aqui uns conselhos quanto ao processo decisório: primeiro: descubra as alternativas possíveis; segundo, avalie os objetivos principais e secundários que se deseja atingir; terceiro: tenha certeza de que não está tomando uma decisão baseada no passado, e sim no presente, visando um futuro melhor; quarto: tome sua decisão e seja feliz! (Ou o mais próximo disso que conseguir.)
É claro que cada caso é um caso, que cada um é cada um, cada cabeça uma sentença e por aí vai... mas, como diria o filósofo Giordano Bruno (este que vos escreve), deixa prá lá...
Bem, acho que não era só isso, por isso provavelmente voltarei a escrever sobre esse assunto, assim que o tico e o teco resolverem se entender melhor por aqui. Por enquanto já escrevi demais, e escrevi muita coisa que não pretendia, e pouco do que deveria. Ainda bem que ninguém lê essa merda mesmo...
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