terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sorry Collor...

Escrevi este texto há um tempo atrás. Fiquei entre postar e não postar. Por fim, após reler e revisar alguma coisa, resolvi postar. Enjoy...

É estranho para quem viveu os anos 80 as cenas de Collor e Lula se abraçando e confraternizando. Ou talvez seja estranho acharmos isso estranho. Afinal de contas, faz muito tempo que eles se degladiaram publicamente atrás de votos para as eleições presidenciais, quando a nova democracia brasileira ainda engatinhava. O estranho em acharmos isso estranho é que, com o tempo, é natural as pessoas mudarem. Nessas mudanças, é comum que elas amadureçam. Collor e Lula eram jovens na época, e nosso atual presidente ainda pregava/acreditava no socialismo. Apenas muito tempo depois surgiu na mídia a imagem do “lulinha paz e amor”, que conseguiu finalmente chegar ao poder. Bem, eu não votei em Lula, nenhuma vez. Aliás, nunca votei no PT nenhuma vez, a acredito firmemente que nunca votarei. Cada um, cada um; eu tenho minhas próprias convicções a respeito da ideologia do partido, e mesmo não sendo filiado a nenhum deles, guardo antipatia por alguns. Mas que fique bem claro que não sou contra a esquerda. Na verdade, acho que na política a oposição é uma das coisas mais positivas que existem, quando bem feita. Imagino uma política sem oposição como a justiça sem a ampla defesa. Não sei se me fiz entender, mas não ligo muito pra que me entendam quando escrevo coisas para postar no blog. Bem, mas não era isso que pretendia dizer quando pensei neste texto. O que eu queria dizer, mesmo, é que teve um fato relacionado a Collor que marcou minha vida.

Era 1989, e as eleições estavam chegando. Os políticos varavam o país em busca de votos, e visitavam muitas cidades promovendo gigantescos comícios. Naquela época não havia o showmício, e quem comparecia aos comícios estava interessado em ver as propostas dos candidatos ou manifestar o apoio às idéias por eles defendidas. Ou seja, não se ia a comícios para ver grupos de pagodeiros cantando com a língua presa, mulheres rebolando ou coisas afins.

Lembro-me muito bem que minha mãe me levou junto quando foi ver o comício do Collor em Passo Fundo. Eu devia ter uns 9 para 10 anos de idade na época, e é claro que não me lembro de nada do que ele disse, mas me lembro que estava bem ao pé do palco onde Collor fez seu inflamado discurso (que foi inflamado eu me lembro, ele gritava bastante) na Gare, local tradicional de eventos populares em Passo Fundo. Mas uma coisa engraçada que me vem à mente agora é que ali, ao pé do palco, eu ficava à altura dos pés do futuro presidente; e o que é engraçado é que eu comecei a cutucar o pé dele enquanto ele fazia seu discurso, na esperança de que ele olhasse para baixo e me visse. Eu era um piá na época, um guri, um fedelho, uma criança, e é claro que ele não deu bola e continuou seu inflamado discurso. Não dado por satisfeito, comecei a cutucar mais vigorosamente seu pé, mas a resposta foi a mesma: indiferença. Numa última e extrema e desesperada atitude, cutuquei também suas canelas, seu pé e puxei a barra da calça. Bobagem, foi tudo em vão. No fim das contas, ele acabou conseguindo seu objetivo e se elegeu, para entrar para a história como o primeiro presidente brasileiro a ser derrubado pelo impeachment, que ninguém sabia direito o que era na época (well, ao menos eu não fazia nem idéia). Acho que nessa época ele deve ter tido saudades dos tempos em que crianças descontroladas cutucavam seus pés por baixo do palco.

No fim das contas, acabei torcendo por ele. Mais porque meu candidato preferido, Afif, não tinha chances, e eu não simpatizava muito com aquele barbudo; preferia os dois patinhos, e o lema “juntos chegaremos lá” falado em libras. Me lembro como se diz até hoje. Para quem não se lembra, ou nunca viu, postei um vídeo da época que encontrei no YouTube. Bendito seja o YouTube!!!!!

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