terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Agora.

Agora tenho alguns pensamentos vãos. Atrevo-me a colocá-los em palavras para que não se perca o que agora penso. Mas o agora é apenas um momento em um lugar que nos atrevemos a chamar de 'presente'. E talvez esse lugar nem exista.
Einstein mesmo já predizia em sua teoria do espaço-tempo que o presente é muito relativo. Alguém em movimento, muito longe daqui, estará vendo o nosso passado, assim como daqui observamos o passado do universo. Da mesma forma, outra pessoa, dependendo da direção em que estiver se movendo, poderia ver o nosso futuro. Então, de acordo com esta teoria, o presente não faz tanto sentido. Será? Eu também não sei.
Se você está lendo isso, quer dizer que o meu 'agora' já ficou para trás, e o que você lê não é nada mais nada menos que um dos meus muitos passados. E escrevo isso para que fique claro que o que ora escrevo pode muito bem não mais fazer parte da minha vida. E vejo que muitas das coisas que escrevi aqui, no passado, já não me refletem mais. Ainda assim fico contente de não ter me perdido ao longo do caminho. Posso revisitar várias estradas e cruzamentos por onde passei. Posso constatar que de nada me arrependo - ao menos dos pontos de vista que claudicantemente expus aqui, no passado.
Ah, o passado...
Num passado mais distante, eu era apenas uma criança que queria enxergar o que havia sobre a geladeira. Queria ser mais velho para poder fazer o que os mais velhos podiam. Irônico. Lembro-me da primeira vez que 'virei' um jogo de videogame. A sensação da vitória mesclada com a frustração de já ter feito tudo o que podia fazer. Não havia mais nada a explorar naquele cartucho. Então era a hora de mudar a dificuldade, ou partir para novos desafios. Aprendi a tocar violão - queria porque queria saber tocar Legião Urbana. Consegui. As músicas que antes eram lindas e difíceis continuaram lindas, mas ficaram fáceis. Me apaixonei pela bossa nova. Comecei a tirar algumas das músicas interpretadas por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius e Caetano. Parei. Cada música que eu aprendia já não era como antes. Eu já não escutava com o mistério, com o desconhecido, me arrepiando a cada dissonância tão harmônica que me emocionava. Escutava e achava bonito, apenas.
E pensei: "Então é isso que acontece quando a gente aprende as coisas: elas perdem grande parte do seu encanto."
Isso foi há algum tempo atrás.
Amanhã chegará o futuro, e com ele a minha filha Julia (ou Júlia, ainda não está certo). Isso me dá alegria, e uma sensação diferente. Me emociono pensando em como será criá-la e educá-la. Regozijo-me na incerteza que é uma criança. Mal posso esperar...
E, assim, penso que a incerteza é uma dádiva. Uma bênção misteriosa e mágica que nos dá motivação para querermos pessoas melhores e um mundo mais belo.
Ainda não havia escrito nada sobre minha filha, ou para ela. Ainda não consigo muito falar sobre essas coisas - por enquanto estou apenas sentindo.
E o que desenvolvi nesse texto é pouco perante aquilo que penso agora.
E tudo o que sou agora, e que já ficou para trás, embora seja passado, faz parte daquilo que sou no presente, se é que isso existe...

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