E agora, um registro especial: O quarto que eu e minha amada estamos preparando para o amor de nossas vidas - nossa pequena Julia, que nascerá em pouco mais de dois meses.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
O Caminho
Ainda ontem, enquanto estava perdido em pensamentos, fiz uma constatação. É claro que isso acontece seguidamente; não fazer constatações, mas perder-me em pensamentos vãos. Mas o que eu estava pensando é muitos blogueiros que escrevem sobre si mesmos (a exemplo deste que ora escreve) estão, na verdade, tentando encontrar-se. Falando no meu caso, em particular, percebo que a escrita é uma potente forma de localização. Escrever me ajuda a me situar no mundo. A cada texto que escrevo, é como se eu estivesse marcando pontos - mas não pontos como em um jogo, mas sim pontos em um mapa. Talvez keyframe seja a palavra mais adequada para expressar o que penso a respeito dos meus textos. Se eu ler algum texto que escrevi há tempos atrás, vou constatar - como já me aconteceu - que eu não estou mais naquele momento. Não sou mais aquele retrato que pintei de mim. Mas o fato de ter escrito aquele texto revela o que eu pensava a respeito de algo na época. E aquilo que pensava está de acordo com minhas decisões e meus sentimentos. É a foto - uma imagem do meu interior congelado no tempo. E a melhor parte é que posso olhar e ver quem eu era quando escrevi. Posso encontrar-me com um eu que já não existe. Então, passando a textos posteriores, consigo perceber o movimento. Ora uma simples oscilação, ora uma guinada capaz de atirar um passageiro desavisado pela janela.
A busca, é claro, nunca terminará. Pode acontecer dela ficar mais ou menos importante, mas a caçada a mim mesmo nunca finda. Não há como. Sou (somos) muito mutáveis e inconstantes. Porém, sigo buscando-me e observando-me por dentre múltiplos espelhos, ângulos, iluminações e, por que não dizer, vetores.
Ao menos se eu não puder me encontrar, poderei ao menos ligar alguns pontos para ver o que me aconteceu, tentar encontrar um padrão e acertar onde será o próximo impacto. Se bem que é mais provável que eu esteja ali no sofá, conversando com amigos e tomando uma cerveja bem gelada.
Aceita uma?
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
I don't belong here...
Compartilho esta música no Blog, pois aqui é meu lugar. Mais que qualquer rede social.
Compartilho esta música porque não pertenço a este lugar.
Música perfeita! [...]
Compartilho esta música porque não pertenço a este lugar.
Música perfeita! [...]
Agora.
Agora tenho alguns pensamentos vãos. Atrevo-me a colocá-los em palavras para que não se perca o que agora penso. Mas o agora é apenas um momento em um lugar que nos atrevemos a chamar de 'presente'. E talvez esse lugar nem exista.
Einstein mesmo já predizia em sua teoria do espaço-tempo que o presente é muito relativo. Alguém em movimento, muito longe daqui, estará vendo o nosso passado, assim como daqui observamos o passado do universo. Da mesma forma, outra pessoa, dependendo da direção em que estiver se movendo, poderia ver o nosso futuro. Então, de acordo com esta teoria, o presente não faz tanto sentido. Será? Eu também não sei.
Se você está lendo isso, quer dizer que o meu 'agora' já ficou para trás, e o que você lê não é nada mais nada menos que um dos meus muitos passados. E escrevo isso para que fique claro que o que ora escrevo pode muito bem não mais fazer parte da minha vida. E vejo que muitas das coisas que escrevi aqui, no passado, já não me refletem mais. Ainda assim fico contente de não ter me perdido ao longo do caminho. Posso revisitar várias estradas e cruzamentos por onde passei. Posso constatar que de nada me arrependo - ao menos dos pontos de vista que claudicantemente expus aqui, no passado.
Ah, o passado...
Num passado mais distante, eu era apenas uma criança que queria enxergar o que havia sobre a geladeira. Queria ser mais velho para poder fazer o que os mais velhos podiam. Irônico. Lembro-me da primeira vez que 'virei' um jogo de videogame. A sensação da vitória mesclada com a frustração de já ter feito tudo o que podia fazer. Não havia mais nada a explorar naquele cartucho. Então era a hora de mudar a dificuldade, ou partir para novos desafios. Aprendi a tocar violão - queria porque queria saber tocar Legião Urbana. Consegui. As músicas que antes eram lindas e difíceis continuaram lindas, mas ficaram fáceis. Me apaixonei pela bossa nova. Comecei a tirar algumas das músicas interpretadas por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius e Caetano. Parei. Cada música que eu aprendia já não era como antes. Eu já não escutava com o mistério, com o desconhecido, me arrepiando a cada dissonância tão harmônica que me emocionava. Escutava e achava bonito, apenas.
E pensei: "Então é isso que acontece quando a gente aprende as coisas: elas perdem grande parte do seu encanto."
Isso foi há algum tempo atrás.
Amanhã chegará o futuro, e com ele a minha filha Julia (ou Júlia, ainda não está certo). Isso me dá alegria, e uma sensação diferente. Me emociono pensando em como será criá-la e educá-la. Regozijo-me na incerteza que é uma criança. Mal posso esperar...
E, assim, penso que a incerteza é uma dádiva. Uma bênção misteriosa e mágica que nos dá motivação para querermos pessoas melhores e um mundo mais belo.
Ainda não havia escrito nada sobre minha filha, ou para ela. Ainda não consigo muito falar sobre essas coisas - por enquanto estou apenas sentindo.
E o que desenvolvi nesse texto é pouco perante aquilo que penso agora.
E tudo o que sou agora, e que já ficou para trás, embora seja passado, faz parte daquilo que sou no presente, se é que isso existe...
Einstein mesmo já predizia em sua teoria do espaço-tempo que o presente é muito relativo. Alguém em movimento, muito longe daqui, estará vendo o nosso passado, assim como daqui observamos o passado do universo. Da mesma forma, outra pessoa, dependendo da direção em que estiver se movendo, poderia ver o nosso futuro. Então, de acordo com esta teoria, o presente não faz tanto sentido. Será? Eu também não sei.
Se você está lendo isso, quer dizer que o meu 'agora' já ficou para trás, e o que você lê não é nada mais nada menos que um dos meus muitos passados. E escrevo isso para que fique claro que o que ora escrevo pode muito bem não mais fazer parte da minha vida. E vejo que muitas das coisas que escrevi aqui, no passado, já não me refletem mais. Ainda assim fico contente de não ter me perdido ao longo do caminho. Posso revisitar várias estradas e cruzamentos por onde passei. Posso constatar que de nada me arrependo - ao menos dos pontos de vista que claudicantemente expus aqui, no passado.
Ah, o passado...
Num passado mais distante, eu era apenas uma criança que queria enxergar o que havia sobre a geladeira. Queria ser mais velho para poder fazer o que os mais velhos podiam. Irônico. Lembro-me da primeira vez que 'virei' um jogo de videogame. A sensação da vitória mesclada com a frustração de já ter feito tudo o que podia fazer. Não havia mais nada a explorar naquele cartucho. Então era a hora de mudar a dificuldade, ou partir para novos desafios. Aprendi a tocar violão - queria porque queria saber tocar Legião Urbana. Consegui. As músicas que antes eram lindas e difíceis continuaram lindas, mas ficaram fáceis. Me apaixonei pela bossa nova. Comecei a tirar algumas das músicas interpretadas por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius e Caetano. Parei. Cada música que eu aprendia já não era como antes. Eu já não escutava com o mistério, com o desconhecido, me arrepiando a cada dissonância tão harmônica que me emocionava. Escutava e achava bonito, apenas.
E pensei: "Então é isso que acontece quando a gente aprende as coisas: elas perdem grande parte do seu encanto."
Isso foi há algum tempo atrás.
Amanhã chegará o futuro, e com ele a minha filha Julia (ou Júlia, ainda não está certo). Isso me dá alegria, e uma sensação diferente. Me emociono pensando em como será criá-la e educá-la. Regozijo-me na incerteza que é uma criança. Mal posso esperar...
E, assim, penso que a incerteza é uma dádiva. Uma bênção misteriosa e mágica que nos dá motivação para querermos pessoas melhores e um mundo mais belo.
Ainda não havia escrito nada sobre minha filha, ou para ela. Ainda não consigo muito falar sobre essas coisas - por enquanto estou apenas sentindo.
E o que desenvolvi nesse texto é pouco perante aquilo que penso agora.
E tudo o que sou agora, e que já ficou para trás, embora seja passado, faz parte daquilo que sou no presente, se é que isso existe...
domingo, 6 de janeiro de 2013
Assistindo Dexter
Para quem não está familiarizado, Dexter é uma série
norte-americana (canal Showtime ou FX no Brasil) sobre um assassino (que dá nome à série) que mata
assassinos. Ou seja, ele é um assassino em série com um código: matar apenas
aqueles que ‘merecem morrer’. É um código dado a ele por seu pai, que era um
policial.
Um código.
Esse código é como uma ética distorcida. Seu pai sabia que
ele era um assassino, um psicopata. Por ser policial, soube desde que Dexter era jovem,
ainda criança, que ele era diferente, e o protegeu. Ensinou-o a forjar
sentimentos e enquadrar-se na sociedade. E mais ainda: ensinou-o os métodos de
identificação de criminosos, para que Dexter pudesse encobrir todas as suas
pistas e nunca ser capturado pela polícia, enquanto identificava e matava
criminosos em Miami.
Durante sua vida, Dexter sabe o que é – um monstro.
Posso estar exagerando aqui, mas eu acredito que, se pensarmos bem, todos somos um pouco “Dexters”.
Temos um código que nos permite vivermos em paz e temos monstros adormecidos em
nosso interior. Ah, sim, talvez nenhum de nós (assim eu espero)
tenha matado alguém com uma lâmina cortante, mas somos capazes de maiores
atrocidades sem nem ao menos precisarmos usar qualquer tipo de arma. Bastam
apenas palavras, gestos, olhares e sentimentos – e pronto: podemos destruir
alguém da pior forma que há: de dentro para fora.
E a parte interessante desta pseudoconstatação é que, tal como Dexter,
todos temos um código. Um código de ética deturpado que nos permite fazer
aquilo que é errado como se fosse o caminho mais certo e lógico a tomar. Ou
você pensa que um político que rouba ou um motorista que dirige embriagado está
fazendo uma coisa errada? Talvez sim do ponto de vista legal, mas não do ponto
de vista de suas éticas deturpadas. Sempre há uma justificativa superior à lei.
É o certo, e apenas eu posso dizer aquilo que é certo para mim. Não pode a
sociedade ou leis fazerem o serviço de minha consciência. Ainda mais numa
sociedade com valores invertidos, com leis compradas, feitas por legisladores
corruptos. Sim, todos temos códigos – cada um o seu. “Aqui não precisa usar
cinto de segurança”, “não há nada mal em se levar uma vantagenzinha aqui ou
ali”, “o juiz não viu”, “ninguém vai ficar sabendo”...
Meu ponto de vista é que, em geral, as pessoas não fazem
aquilo que julgam ser errado; antes elas se justificam criando argumentos
plausíveis (ao menos no ponto de vista delas) para suas condutas erradas. Mas o
que é o certo? E o que é o errado? Podem as leis dizerem aquilo que é certo ou
errado? Pode alguém que não seja você saber?
Vejamos, matar é errado, mas se for em defesa própria, então
é certo. Furto é crime, mas se você furtar um pão para que seu filho não morra
de fome, então é certo. Se furtar um salame junto, aí continua sendo errado.
Temos leis para nos dizer aquilo que é certo e errado; e temos juízes para
condenar aqueles culpados por fazerem aquilo que é considerado errado. Mas há
justiça?
Então é isso. Para vivermos em paz basta ajustarmos nossa ética à da sociedade e domesticarmos os monstros que dormem no interior de nossas almas atormentadas.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Viciado
Eu tenho um vício. Um que eu nem sabia que tinha. Sou viciado em escrever. Posso ficar seis meses sem alimentar meu vício, mas as letras ficam pulsando em minha mente, tentando expressar meus pensamentos. O que as palavras querem de mim? Entender. Elas querem me fazer entender, a mim mesmo e aos outros. Sim, porque sou muito mal interpretado até mesmo por mim nestes dias. Olho no espelho sem entender ao certo o que ele reflete (ah, os espelhos de novo...).
Preciso organizar e expor o que penso sobre as coisas. Agora mesmo escrevi um pouco sobre minhas concepções sobre o certo e o errado, que não ouso postar aqui. Escrevi, e passou, por enquanto.
E assim vou tocando a vida, enquanto quase não toco no Blog...
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
2013, e daí?
Posso estar sendo um pouco melancólico demais aqui, mas nós vivemos nossas vidas muito baseados no "tomara".
Tomara | que seja bom.
| que amanhã melhore.
| que faça sol.
| que amanhã chova.
| que tudo se resolva.
| que eu seja feliz para sempre.
Esperança. Talvez seja isso que nos leve a crer que as coisas serão diferentes. Mas não é o bastante. E tudo o que se precisa para que as coisas sejam diferentes é muito mais simples e está muito mais próximo do que a gente imagina. Está tudo aqui, dentro de nós. É a forma como observamos as coisas que faz com que percebamos o mundo e nossas vidas de forma diferente. É preciso ver a beleza oculta nos detalhes. É preciso olhar com os olhos de uma criança, e ver mais do que aquilo que está na imagem.
O ano novo pode acontecer a qualquer momento, num piscar de olhos.
Ou pode ser que vivamos eternamente em coma...
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