segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tenório (Parte 2)



Tenório mudou-se. Mas não do verbo mudar-se e sim do verbo transformar-se. Simples assim: mudou-se. E, se o novo Tenório não tinha mais medo da morte, muito menos medo teria de levar um fora de uma mulher bonita. Foi então, em meio ao turbilhão de pensamentos que quase explodia sua cabeça, tentando entender a nova fase (final) de sua vida, que Ana lhe apareceu.
É bom deixar claro aqui que os dois já se conheciam de algum tempo. Talvez de uns dois ou três anos, na avaliação de Tenório, mas eles nunca tinham conversado muito. Ana era a mulher do tipo com que Tenório sonhava às vezes - especialmente quando acordava molhado - se é que vocês me entendem; e era por isso que ele não conversava muito com ela. Era uma espécie de medo. Medo bobo da mulher alta, carnuda, sexy. E morena. Ah, ela era areia demais para o caminhão dele, mesmo que ele fizesse duas ou três viagens. E tinha que ser morena...
Só que Tenório, depois de mudar-se, ficou realmente diferente. E o novo e semijovem (em estado de jovem) Tenório não titubeou, chegou junto. Ana estranhou um pouco, mas por fim concordou em jantar com ele. Na casa dele.
Tenório preparou tudo para a noite fatal. Cada detalhe. Primeiro pesquisou na internet maneiras de levar uma mulher pra cama no primeiro encontro, depois fez uma listinha do que precisava e partiu para as compras. Como precisava de camisinhas, já que as que tinha deviam estar vencidas, o primeiro lugar em que parou o carro foi numa farmácia.
- Do que o senhor precisa? - Perguntou a linda moça que o atendeu logo na entrada.
- Eu preciso de camisinhas.
- Pois não, qual o senhor deseja? - Perguntou ela, apontando para um sem-número de marcas que tinha no balcão.
- Puxa, agora você me pegou... que tamanhos vocês tem?
- Elas costumam ter o mesmo comprimento...
- Não... que bitola? - Tenório cochichou a pergunta como se contasse um segredo.
- Bitola?
- É, que largura? - Explicou ele, enquanto desenhava algo parecido com a letra “c” com o indicador e o polegar, fazendo a moça corar de vergonha.
Gentilmente, ela explicou a Tenório que as camisinhas vendidas ali eram de tamanho único, e, quanto mais explicava, mais vermelha ela ficava. Tenório achou que seria melhor mudar de assunto.
- Vou levar esse pacote aqui mesmo. Gostaria também de um perfume para as partes íntimas!
- Como, senhor?
- É tipo um desodorante, só que é para usar no Zezinho! - Explicou ele, apontando o dedo para as partes baixas, por assim dizer.
Até ele sair da farmácia, o vermelhão no rosto da atendente ainda não tinha passado. Ele pensou que seria bom experimentar uma das camisinhas antes de usar pra valer. Precisava ter certeza de que iriam mesmo servir.

4 comentários:

  1. ASASASHAUSAHUS
    Ter a certeza da morte deve ser estranho, mas se ta perto de morrer tem que aproveitar mesmo.

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  2. muito engraçado seu texto, gst da sua maneira de escrever cm contos diferentes. bjs.
    jmsdramaqueen.blogspot.com

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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