Tenório mudou-se. Mas não do
verbo mudar-se e sim do verbo transformar-se. Simples assim: mudou-se. E, se o
novo Tenório não tinha mais medo da morte, muito menos medo teria de levar um
fora de uma mulher bonita. Foi então, em meio ao turbilhão de pensamentos que
quase explodia sua cabeça, tentando entender a nova fase (final) de sua vida,
que Ana lhe apareceu.
É bom deixar claro aqui que os
dois já se conheciam de algum tempo. Talvez de uns dois ou três anos, na
avaliação de Tenório, mas eles nunca tinham conversado muito. Ana era a mulher do
tipo com que Tenório sonhava às vezes - especialmente quando acordava molhado -
se é que vocês me entendem; e era por isso que ele não conversava muito com
ela. Era uma espécie de medo. Medo bobo da mulher alta, carnuda, sexy. E morena.
Ah, ela era areia demais para o caminhão dele, mesmo que ele fizesse duas ou
três viagens. E tinha que ser morena...
Só que Tenório, depois de
mudar-se, ficou realmente diferente. E o novo e semijovem (em estado de jovem) Tenório
não titubeou, chegou junto. Ana estranhou um pouco, mas por fim concordou em
jantar com ele. Na casa dele.
Tenório preparou tudo para a
noite fatal. Cada detalhe. Primeiro pesquisou na internet maneiras de levar uma
mulher pra cama no primeiro encontro, depois fez uma listinha do que precisava
e partiu para as compras. Como precisava de camisinhas, já que as que tinha deviam
estar vencidas, o primeiro lugar em que parou o carro foi numa farmácia.
- Do que o senhor precisa? -
Perguntou a linda moça que o atendeu logo na entrada.
- Eu preciso de camisinhas.
- Pois não, qual o senhor deseja?
- Perguntou ela, apontando para um sem-número de marcas que tinha no balcão.
- Puxa, agora você me pegou...
que tamanhos vocês tem?
- Elas costumam ter o mesmo
comprimento...
- Não... que bitola? - Tenório
cochichou a pergunta como se contasse um segredo.
- Bitola?
- É, que largura? - Explicou ele,
enquanto desenhava algo parecido com a letra “c” com o indicador e o polegar, fazendo
a moça corar de vergonha.
Gentilmente, ela explicou a
Tenório que as camisinhas vendidas ali eram de tamanho único, e, quanto mais
explicava, mais vermelha ela ficava. Tenório achou que seria melhor mudar de
assunto.
- Vou levar esse pacote aqui
mesmo. Gostaria também de um perfume para as partes íntimas!
- Como, senhor?
- É tipo um desodorante, só que é
para usar no Zezinho! - Explicou ele, apontando o dedo para as partes baixas,
por assim dizer.
Até ele sair da farmácia, o
vermelhão no rosto da atendente ainda não tinha passado. Ele pensou que seria
bom experimentar uma das camisinhas antes de usar pra valer. Precisava ter
certeza de que iriam mesmo servir.
ASASASHAUSAHUS
ResponderExcluirTer a certeza da morte deve ser estranho, mas se ta perto de morrer tem que aproveitar mesmo.
muito engraçado seu texto, gst da sua maneira de escrever cm contos diferentes. bjs.
ResponderExcluirjmsdramaqueen.blogspot.com
Seguindo :)
ResponderExcluirRetribui?
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