Ele gostava muito de Ana, mais do
que achava que gostava. Na época dos acontecimentos aqui narrados ele ainda não
sabia que ela teria um papel fundamental em sua vida, pouco antes dela
terminar. Ana lhe daria uma missão, ou algo assim. Digamos que lhe daria um
motivo para viver. Ou um sentido para sua vida, podemos dizer.
Agora, porém, Tenório apenas
buscava ter a intimidade que sempre desejara com Ana. Ou seja, desejava
levá-la para sua cama.
- Minha nossa, Tenório, o que eu
posso fazer por você?
- Quero um abraço, se não for
pedir muito. - Disse Tenório, pondo-se em pé.
- Claro! Vem aqui, vem! - Ana
levantou e estendeu os braços na direção dele.
Era tudo o que ele queria. Agora
era só não errar o bote. Ele abraçou-a com todo o corpo, envolvendo-a como se
ela fosse um enorme travesseiro. Apertou-a contra si e deitou o nariz em seu pescoço. Percebeu que a respiração dela alterou-se instantaneamente - ia ser agora.
Tinha de ser...
E foi.
Ana pegou no sono pouco depois
que fizeram amor pela segunda vez. Eram mais de duas da manhã de sábado, e
Tenório decidiu que não dormiria. Acompanhou o sono da bela Ana, com um sorriso
de satisfação no rosto - um sorriso que nem a morte poderia desfazer. Por uns
momentos, foi como se nada de ruim pudesse se colocar entre ele a aquela linda
mulher a dormir em sua cama.
Levantou-se.
Procurou pelo quarto, ajudado
pela pouca claridade que entrava da janela, por um antigo maço de cigarros.
Encontrou-os e foi para a varanda. Riu sozinho ao ver os avisos de advertência
no verso da caixa. “Como se importasse”
- chegou a dizer a si mesmo.
A noite estava agradável. Ele
sentou-se à frente de sua casa e acendeu um cigarro. Fazia muito tempo, talvez
uns cinco anos, que tinha parado de fumar. Nas primeiras tragadas sentiu sua
cabeça girar - não estava mais acostumado à nicotina e às outras mais de quatro
mil substâncias tóxicas que havia no cigarro. Começou a pensar, mas não
voluntariamente. Apenas deixou sua mente vagar. Milhões de pensamentos e
sensações o invadiram em poucos minutos. E cada pouco vinha em sua mente Ana. O
sorriso de Ana; Ana dormindo; o jeito de Ana; os cabelos de Ana; o corpo de
Ana... De onde vinha tudo isso? - Tenório não sabia.
Resolveu voltar para a cama -
sentia necessidade de vê-la. Tocar nela, estar com ela...
Embora não quisesse dormir, não
pode manter-se acordado a noite inteira. Seu corpo não aguentou e ele caiu em
um sono profundo. Porém, antes de dormir, muitos outros pensamentos e insights
aconteceram na mente transtornada de Tenório, e, ao que tudo indica, o que ele
pensou naquela noite determinou a forma como ele morreu. Ou melhor, influenciou na
maneira pela qual ele escolheu morrer.
Mas isso já é assunto para uma
outra história...
Porque parou? Parou porque?
ResponderExcluirPelo visto este Tenório vai dar um saco de estorias!
Porque seus leitores exigem, rsrs Agora eu quero saber mais que tudo, como ele morre. Não nos deixar curiosos!
Agora o cigarro no final foi interessante... Tinha que existir senão não seria uma noite gloriosa para ele, rsrsrs
Beijos
Como assim cara? asuhasuahush
ResponderExcluirinstigar a curiosidade alheia deveria estar listada como crime contra a sociedade asashusaush...
Poxa, se ele morreu logo após, então morreu feliz. Creio eu.
Mas o que ele pensou? Quais foram as cenas que percorreram sua mente nesse estado pós-vida X pré-morte?
Adorei a história...
talvez um final previsível tiraria o brilho.
Espero ouvir mais histórias desse Tenório...
parabéns!