domingo, 16 de setembro de 2012

Copo

Decido tomar uma ou duas cervejas para 'encerrar' a noite de domingo. Escolho o mesmo copo - o que me leva a pensar. Desde que ganhei esses copos, elegi um favorito e só bebo nele. Por quê? Será que isso sou eu? O mesmo copo, o mesmo caminho, as mesmas pessoas, os mesmos programas; tudo o que eu não quero. Fico pensando que as pessoas são assim, e eu não sou diferente de ninguém. Não sou capaz de me reinventar. E quem é? Acho que ninguém - é a vida que reinventa a gente. É aquele momento em que tudo parece estar dando errado, e então a gente renasce das cinzas, mais fortes do que antes (e, nesse momento, me vem na mente a imagem de uma fênix). O problema é que a gente não vê isso. Não conseguimos ver além dos problemas. Vemos apenas a morte que nos cerca, e a repudiamos com violência, retardando sua chegada, definhando enquanto respiramos por aparelhos, agarrando-nos às células cancerosas que insistem em não nos obedecer mais, agarrando-nos às cinzas de uma vida velha. Não queremos a morte, não nos entregamos a ela por medo. Ironicamente, no rádio, alguém fala sobre "zona de conforto". Deviam trocar o nome dela para 'zona morta'. A zona de confronto é que a gente evita. E, com isso, privamo-nos de nosso próprio crescimento. E tudo isso por quê? Porque insistimos em beber sempre em um mesmo copo...