segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Empatia não Existe



Dentro das muitas coisas que penso não existirem, a empatia é uma delas. Eu estaria mais inclinado a aceitar a existência dos Smurfs do que da empatia. Estou começando a pensar que acredito em muito poucas coisas, e tenho muitas dúvidas a respeito delas todas. Well, voltando à empatia, o problema dela é que ela requer que nos coloquemos no lugar do outro, e isso simplesmente não pode ser feito. Ninguém pode saber ao certo a minha sensação quando como um pedaço de chocolate, por exemplo. O Ph da saliva pode interferir no sabor, eu posso ter comido algo antes que altere o gosto, e, ainda, o meu apreço por chocolate vai ser maior ou menor que o da outra pessoa. Mudando de exemplo, se alguém próximo estiver tendo um problema no relacionamento, não posso dizer que entendo como ele está se sentindo, porque para isso seria necessário que eu experimentasse todas as situações que ele experimentou, como ele experimentou, e isso é impossivelmente improvável. O que define a forma como encaramos a vida vem de uma jornada muito longa e cansativa, com muitas doces vitórias e derrotas amargas, e achar que eu entendo alguém é algo muito pretencioso neste contexto. Pessoas não sabem ouvir, pessoas não sabem entender, pessoas sabem julgar achando que sabem coisas insabíveis a respeito de tudo e de todos, sem se darem conta de que não sabem nada. Sócrates era um cara inteligente, não porque sabia das coisas, mas porque sabia o que ninguém sabia: que ele nada sabia. Isso é ser sábio: saber que não sabemos nada, que entendemos pouca coisa, e que cada um, cada um. Bem, tudo o que eu penso sobre isso daria um livro longo e chato, que ninguém gostaria de ler. Mas talvez eu ainda volte a escrever sobre isso um dia, se minha cabeça não explodir antes.

Entender o outro não é tentar se colocar no lugar dele, mas sim entender que cada pessoa é diferente, com pouco ou nada em comum.

Ps: acho que não existia a palavra insabível, mas eu gostei dela.

6 comentários:

  1. Que bom saber que não sou a única pensando sobre essas questões últimamente, hoje conheci seu blog e estou adorando as coisas que você escreve, ultimo dia 02 postei no meu uma reflexão sobre a empatia e achei uma enorme conhecidencia você estar falando desse tema também, adorei suas pontuações!

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  2. Concordo com vc em partes, acho que realmente seja impossivel se colocar no lugar de outra pessoa, saber exatamente como ela se sente. Mas procuro sempre( falo por mim)me coloca no lugar do outro, não pra poder dizer " se eu fosse ele faria isso ou aquilo", não pra isso, mas pra não julgar ninguém e muito menos condenar, que é o que a maioria das pessoas fazem.

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    1. aí é que ta, talvez não seja necessário se colocar no lugar do outro pra não julgar...só aceitar que não temos a capacidade de entendê-lo já basta.

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  3. A empatia é a capacidade de entender que a vida não gira em torno do nosso próprio umbigo, que cada um tem uma forma diferente de ver e sentir as coisas, mas que para sabermos o por quê de algumas ações destes indivíduos precisamos usar da nossa imaginação e reviver mentalmente o que este viveu para tentar entender seu posicionamento. O que nem sempre acontece, mas pelo menos, conseguimos respeitá-lo melhor.

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    1. quer dizer que pra respeitar alguém precisamos ter a ilusão de que o entendemos (pois entender de fato é impossível)? Isso é pretensão, e eu diria até, narcisismo.

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  4. Sentir exatamente o que o outro sente é impossível mesmo ... Mas a empatia não é isso meu caro, a própria definição diz dar valor ao que o outro sente...ou seja ...que bobagem

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